domingo, 24 de janeiro de 2010

Será que a insulina vicia?



 
Alguns portadores de diabetes, quando recebem a indicação de seu médico de que precisam passar a utilizar insulina, têm receio de dar início a um procedimento que acabe por "viciar" seu organismo. A insulina não vicia, explica a endocrinologista Helena Schmid, professora titular da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA). Em muitos casos, seu uso é transitório e serve para resolver situações temporárias.

"Não existem dados que mostrem que o uso de insulina possa transformar-se em vício. No passado, quando se usava insulina produzida a partir de material proveniente do boi ou porco, houve casos raros de detecção de anticorpos desenvolvidos pelo paciente que levavam à necessidade de aumento de dose porque ele desenvolvia resistência a essa insulina. Hoje, com as novas insulinas, isso não ocorre mais.

Algumas pessoas com diabetes podem precisar substituir os medicamentos orais por insulina em diversas circunstâncias, como a realização de uma cirurgia ou um quadro de comprometimento do fígado ou dos rins, que interfere no metabolismo desses medicamentos ou na sua excreção, o que acaba aumentando a quantidade desses medicamentos em circulação no sangue e consequentemente sua toxicidade. Isso pode acontecer, por exemplo, durante uma hepatite ou por insuficiência renal.

Depois de passada a circunstância que levou à troca do medicamento oral pela insulina, esse paciente pode voltar a utilizar os medicamentos orais sem problemas, o que mostra que a insulina não "viciou" seu organismo.

O uso da insulina é benéfico, também, quando o pâncreas recebe a informação constante de que a glicemia está muito alta e deixa de produzir insulina. Ao passar para injeções de insulina, a capacidade desse órgão de produzir insulina é restituída e nesse caso, igualmente, a pessoa com diabetes pode voltar a utilizar os medicamentos orais.

Outra circunstância em que a troca do remédio oral por insulina é recomendada é a de surgimento de uma alergia a medicamentos. Nesse caso, é necessário suspender a medicação oral até que se estabeleça qual dos medicamentos está desencadeando o processo alérgico. Depois dessa definição, é possível voltar à medicação oral ajustada a esse paciente.

Alguns pacientes podem imaginar que a insulina crie dependência porque as doses tendem a ser aumentadas com o tempo, mas isso é esperado e se adequa à evolução natural do diabetes. Isso acontece, porém, não porque o organismo tenha ficado viciado, mas porque o diabetes é uma doença progressiva ou porque o paciente teve ganho de peso. Contudo, até no caso de ganho de peso, a dose pode voltar a ser reduzida caso ele venha a emagrecer."

Fonte: http://www.diabetesnoscuidamos.com.br/gente_duvida_mes.aspx?id=707 

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