segunda-feira, 19 de abril de 2010

Associação quer que exame de glicemia se torne obrigatório

Quando Francisco tinha 2 anos e apresentou perda de peso e urina em excesso, sua mãe, Catia Borges, levou-o rapidamente a um hospital do Barreiro, em Belo Horizonte. A médica que o atendeu deu como diagnóstico a desidratação, ministrou soro glicosado ao garoto e o mandou para casa. No dia seguinte, com lábios cianóticos e prostrado, Francisco teve que ser internado em um pronto-socorro e, só então, descobriram a causa dos sintomas: ele era diabético, ou seja, incapaz de processar sozinho o açúcar, e a dose de soro glicosado da véspera quase o matou. "Eu nem sabia que ele era diabético. Ele quase entrou em coma, quase morreu, ficou seis meses internado", diz a mãe do menino, hoje com 8 anos.

Longe de ser um caso isolado, o exemplo de Francisco é recorrente nos pronto-atendimentos, públicos e particulares, uma vez que o exame que mede a taxa de glicemia não é obrigatório. E essa é uma das bandeiras levantadas pela Associação de Diabetes Infantil, que discutirá o assunto em uma audiência pública na Assembleia Legislativa de Minas Gerais no dia 14 de junho. "O que nós queremos é que todas as crianças que cheguem com sintomas de desidratação nos hospitais e postos de saúde sejam submetidos ao exame de glicemia capilar", conta Cidinha Campos, presidente e fundadora da ADI, sobre o teste que permite saber rapidamente a taxa de glicose no sangue.

Segundo o médico Fábio Guerra, gerente da pediatria do Hospital Municipal Odilon Behrens, o caso de Francisco seguiu um procedimento padrão. "Não há um protocolo específico para se ministrar soro glicosado nos hospitais de urgência, seguimos orientações de associações médicas. A criança chega ao hospital, passa por uma triagem e, após a anamnese e exame clínico, o médico diz se é o caso de dar o soro ou não. Se houver qualquer suspeita de diabetes, o exame é feito na hora", informa Guerra, para quem a causa defendida pela ADI é bastante pertinente. "Acho muito interessante essa proposta da associação, porque melhora o atendimento à criança. Esse exame é feito de maneira muito rápida, uma gotinha de sangue, em menos de um minuto, e está disponível nos hospitais", explica.

Solidária a outras mães, Cátia, faz coro. "Acho boa a campanha da ADI porque impede que outras crianças passem pelo que Francisco passou. É muito sofrimento, um risco muito grande de morrer", completa.

Deputados debaterão questão

A obrigatoriedade do exame de glicemia capilar em crianças em hospitais e postos de saúde é apenas uma das reivindicações que a Associação de Diabetes Infantil (ADI) vai propor na ADI no debate agendado para o dia 14 de junho na Assembleia Legislativa de Minas. Na pauta, estão também isenção de impostos e distribuição de insulina pelo Sistama Único de Saúde. “Vamos discutir a isenção dos impostos dos insumos e dos produtos alimentícios diet, que podemos considerar de primeira necessidade para os portadores de diabetes e obesidade”, diz a presidente da ADI, Cidinha Campos.

“Hoje um doce sem açúcar custa muito caro no Brasil. Queremos garantir para a criança um dos maiores prazeres da vida, que é comer livremente”, diz Cidinha, que tem ainda outras proposições para a audiência com os deputados. “Vai ser também uma oportunidade para tratarmos da inserção das insulinas de ação rápida e ultra-rápida na Farmácia Popular. O diabetes, quando mal-controlado, faz um grande estrago”,

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