sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Kath Paloma – Mais uma história de vida….

Depoimento Legal de nossa amiga Kath Paloma do blog Diabetes & Você

Eu e o Diabetes – Por Kath Paloma

“Descobrir-se com diabetes aos 20 anos de idade, após o término de  uma faculdade e iniciando um casamento não é fácil e nem aceitável. Na minha "leiguice," diabetes era uma doença que acometia pessoas idosas e que surgia por ingerirmos muito doce ao longo da vida.

Coisa que eu não fazia.

Mas ela apareceu assim, quando eu menos esperava. Vontade constante de ir ao banheiro para fazer xixi, bebendo mais de quatro litros de água por dia e cada vez mais fadigada. Minha lua de mel limitou-se, a cada esquina parar para ir ao banheiro ou comprar uma garrafinha de água.

Aproveitando uma consulta de praxe ao ginecologista, disse o que estava acontecendo julgando ser anemia, o mesmo pediu exames. Uma semana depois o retorno, e para minha surpresa o diagnóstico foi: GLICEMIA ALTA (DIABETES). O ginecologista não acreditou, pediu para mudar de laboratório, repetir os exames e marcar endocrinologista.

Com os resultados nas mãos fui ao endócrino, que me mandou imediatamente ao Pronto Socorro, pois o glicosímetro, não media mais a glicemia. No Hospital por meio de um hemograma soube que a glicemia estava mais de 700mg.

Fui direto para o soro e pela primeira vez tomei insulina. Não tenho boas lembranças daquele dia...

Depois daquele sufoco me perguntei: Por que eu? Por que eu Meu Deus?!

Logo comecei o tratamento com insulina, pois os exames de sangue já detectaram que eu era DM1. Iniciei o tratamento com as insulinas NPH e Regular, o médico me deu uma receita e passei a pegar estes medicamentos no posto de saúde, tive que comprar um glicosímetro e me foi explicado basicamente como usar toda esta parnafenalha.

Com dois meses de diagnóstico mudei de médico, comecei a me tratar com D. Laura, que prontamente me apresentou sua equipe multidisciplinar, falando-me a função de cada um deles em meu tratamento. Aprendi como aplicar insulina, como fazer o dextro, o que era a contagem de carboidratos, a função das insulinas e por aí vai...

Alguns meses depois ganhei do posto de saúde meu próprio glicosímetro, e após um ano de diagnóstico (aproximadamente) passei a usar Levemir e Humalog (consegui obtê-las do Estado), pois as insulinas anteriores já não me ajudavam mais.

Houveram momentos que pensei em deixar o tratamento todo, me ver dependente de medicamentos e a saga diária do tratamento do diabetes não foi fácil, mais com o tempo percebi que a única interessada seria eu mesma, e por mais que até hoje ás vezes eu fique brava de ter que me tratar, sei que este é o melhor que tenho a fazer por mim.

Daí como diz o educador Rubem Alves: "(...) Algumas doenças são visitas: chegam sem avisar, perturbam a paz da casa e se vão. É o caso de uma perna quebrada, apendicite, resfriado ou sarampo. Passado o tempo certo, a doença arruma a mala e diz adeus. E tudo volta a ser como sempre foi. Outras doenças vêm para ficar. É inútil reclamar. Se vêm para ficar, é preciso fazer com elas o que a gente faria caso alguém se mudasse definitivamente para nossa casa: arrumar as coisas da melhor maneira possível para que a convivência não seja dolorosa. Quem sabe se pode até tirar algum proveito da situação? (...)"

Resolvi me conformar e me cuidar. Não vou mentir que tem dias que dá vontade de xingar, gritar, por que na verdade nunca gostei de me ver dependente e nem presa á situações, sempre gostei de viver a vida ao meu modo, de forma bem dinâmica e com o diabetes não rola, ou se cuida, ou se cuida, não há opção.

Minha rotina passou a ser: tomar insulina todos os dias, fazer o exame na ponta dos dedos (6x por dia), ir ao endocrinologista, nutricionista e a alimentação é mais regrada.

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Com o passar dos anos, foi notado que mesmo com a troca de insulina a hemoglobina glicada e os dextros não abaixaram. Desta forma, o melhor foi fazer o test drive com bomba de insulina para ver se de fato ela me ajudaria. Bingo! Deu certo, agora estou com o processo para conseguir a bomba de insulina por meio da Secretaria da Saúde do Estado de São Paulo.

Mais do que disciplina alimentar, o diabetes exige de nós autoconfiança e auto-estima, por vezes somos vistos como "coitados" ou até mesmo somos vítimas de preconceito.

Mas não é um bicho de sete cabeças, não!

clip_image003Não aceitar é bem pior, uma vez que esta é uma doença crônica (não tem cura, e sim controle). Hoje pesquiso, procuro meus direitos, vou ao médico com regularidade e me intero sobre os novos estudos da doença.

Uma coisa que posso afirmar com toda a certeza, é que esta é uma doença cara, mas isto não impede que nos cuidemos, ainda mais com a famosa contagem de carboidratos.

Quando completei 4 anos e 2 meses de diagnóstico, resolvi compartilhar meu cotidiano com as pessoas criei meu blog (diabetesevoce.blogspot.com), fiz amigos diabéticos e/ou parentes diabéticos e hoje não me sinto mais sozinha, trocamos figurinhas.

Hoje encontrei as respostas para os meus questionamentos á Deus. Se o diabetes desencadeou em mim, foi para que passasse a me enxergar, cuidar de mim, me preocupar comigo, ajudar pessoas e ser ajudada, jogar meu orgulho de lado, ampliar meu leque de amizades, me superar... Enfim a lista não cabe aqui...”

Um comentário:

  1. Sim, minha amiga...realmente não é fácil, minha filhinha de nove anos passa por tudo isso...vai fazer 2 anos de diagnosticada dm1...e a cada dia lutamos para viver da melhor forma possível, mesmo cheia de restrições, várias picadas ao dia, enfim estamos vivendo um dia de cada vez, buscando ser feliz...Parabéns pelo seu exemplo de vida! Mônica

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